Geração à Rasca

domingo, 13 de março de 2011

Enquanto o Brasil está com a bola toda no quesito “crescimento”, por aqui – Portugal e Europa no geral – a situação está ficando complicada.

Quem está em Portugal percebe que arrumar trabalho está cada vez mais difícil e os que estão empregados acabam por se submeter a baixos salários e péssimas condições laborais. Uma população nunca antes tão qualificada e sem condições de empregabilidade.

Nesse contexto, surgiu no Facebook um movimento chamado Geração à Rasca, ou seja, geração em dificuldades. A Geração à Rasca define-se como um movimento de protesto apartidário, laico e pacífico que reivindica o direito ao emprego, o fim da precariedade, a melhoria das condições de trabalho e o reconhecimento das qualificações.

O Movimento Geração à Rasca começou a popularizar-se nas páginas do Facebook de Portugal e logo alcançou destaque na media.

Foi então que os organizadores do movimento resolveram criar um evento via Facebook – sim, destes mesmo que costuma-se receber para festas – para uma manifestação nacional nas principais avenidas de várias cidades do país, agendado para 12 de Março de 2011.

Mais de 11 mil pessoas confirmaram, via Facebook, a presença na manifestação. No entanto, as 15 horas do dia 12 de Março, a Geração à Rasca surpreendeu, tendo contabilizado cerca de 300 mil pessoas nas ruas portuguesas, manifestando contra a situação de uma geração que cada vez mais está perdendo as garantias de um futuro digno.

Milhares de jovens, crianças, famílias e até mesmo idosos viram-se reflectidos nas características de uma geração à rasca, o que fez lotar as ruas com um quantidade inacreditável de pessoas, surpreendendo até os organizadores da manifestação.

E por que protestam?

Só para dar um exemplo, em Portugal existe uma modalidade de descontos para a Segurança Social chamado de “Recibos Verdes”. Em resumo, o trabalhador à Recibos Verdes paga ele mesmo o desconto para a Segurança Social, os impostos e não tem direito a férias e subsídios. Cada vez mais as empresas substituem o Contrato de Trabalho (o equivalente à Carteira Assinada no Brasil) pelos Recibos Verdes, ou seja, como se o funcionário fosse na verdade um prestador de serviços. O trabalhador que pague seus descontos e que não tenha direito a nada!

créditos da foto: Rita Sousa Vieira

Outro motivo do protesto é a quantidade enorme de licenciados que ficam anos e anos sem conseguir um emprego, claro, na sua área. Claramente uma geração mais qualificada do que passadas, mas que não adianta em nada.

créditos da foto: Rita Sousa Vieira

Enquanto isso, o Primeiro-Ministro português, José Sócrates, juntamente com o Ministro das Finanças, Teixeira do Santos, apresentam a “segunda remessa” de medidas de austeridade pública, ou seja, medidas severas impostas para o povo, com cortes salariais, aumento dos impostos, taxas, cortes e mais cortes nas verbas municipais, na tentativa de organizar as contas do Governo.

créditos da foto: Rita Sousa Vieira

Definitivamente, uma geração completamente à rasca, mas que está a abrir os olhos para mostrar ao Governo que não está para brincadeiras e descaso!

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