Depois de quase cinco anos relatando minhas experiências sobre Portugal, reparei que eu já tinha escrito sobre muitas coisas e lugares em Lisboa, mas eu nunca tinha escrito realmente um roteiro turístico. Então, depois de receber dezenas de amigos e familiares, resolvi partilhar com vocês o meu roteiro pessoal da cidade de Lisboa, com todos os pontos turísticos da cidade.
Preparei um roteiro de 3 dias que permite ver tudo que há de mais interessante a nível turístico da cidade. Mas é claro que você pode adaptá-lo de acordo com o seu tempo de viagem ou interesse. Poderá fazê-lo em um, dois ou até quatro dias.
DIA 1 – CENTRO HISTÓRICO DE LISBOA
(Obs.: Este é o dia com mais lugares para visitar, portanto se tiver mais tempo disponível poderá fazer este percurso em dois dias)
Aconselho começar o passeio pelo Parque Eduardo VII. A maneira mais fácil de chegar ao Parque é saindo na Estação de Metro Marques de Pombal (Linha Azul/Amarela) ou Estação Parque (Linha Azul). Vale a pena subir a colina e chegar até ao cimo do parque para ter uma vista privilegiada do Miradouro sobre toda a cidade de Lisboa. Você conseguirá ver a robusta estátua do Marquês de Pombal (diplomata iluminista responsável pela reconstrução da cidade após o Grande Terremoto de 1755); do lado esquerdo o Castelo de São Jorge; do lado direito o famoso Bairro Alto; e ao fundo o Rio Tejo.
O Parque recebeu este nome em 1903 para homenagear o Rei Eduardo VII do Reino Unido, como forma de celebrar as relações entre os dois países. No miradouro ainda existe o polémico monumento ao 25 de Abril (data do golpe de Estado militar, em 1974, que depôs o regime ditatorial) por ter uma sua estrutura fálica que jorra água para a fonte.
Depois desçam até a rotunda (rotatória) do Marques de Pombal e prepare-se para uma caminhada pela Avenida da Liberdade, a principal da cidade. As calçadas em toda a extensão da avenida são feitas das típicas pedras portuguesas, com desenhos muito bonitos. Na Avenida da Liberdade estão as lojas de grandes marcas como Emporio Armani, Luis Vuitton e tantas outras. O percurso pela Avenida da Liberdade (até a Praça dos Restauradores) tem pouco mais de um quilômetro e é uma caminhada muito agradável. Mas, se você não estiver com disposição ou tempo para andar este pedaço, pode apanhar o metro na estação de Marques de Pombal e descer na estação de Restauradores, ambas na linha azul.
Chegamos assim a Praça dos Restauradores , que tem um grande obelisco erguido para celebrar a libertação de Portugal do domínio espanhol em 1640, daí o nome Restauradores (da Liberdade e da Independência). Nesta praça está também o famoso Hard Rock Café Lisboa, o Antigo Teatro Eden e o Elevador da Glória.
Apanhe o Elevador da Glória, que é um bonde elétrico que faz o trajeto colina a cima, que é muito ingrime, ligando assim a “baixa lisboeta” ao Bairro Alto. O Preço do Bilhete é 3,50 € (ida e volta), mas pode comprar só a ida diretamente dentro do Elevador. Para os mais corajosos e bem dispostos, o trajeto é ingrime, mas é curto, por isso pode-se fazer a pé. Este “elevador” foi construído em 1885 e está funcional até hoje, por isso é uma experiência tipicamente lisboeta.
Saindo do elevador, vire logo à sua direita. Você encontrará o Jardim e Miradouro de São Pedro de Alcântara. Daqui você terá uma vista magnífica sobre a baixa lisboeta e o espaço é excelente para um descanso.
Saindo do miradouro, entre pela rua estreitas logo atrás do Jardim (Travessa da Cara). Bem-vindo ao Bairro Alto, um dos bairros mais antigos de Lisboa.
É aqui o grande point da noite portuguesa, cheio de bares, restaurantes, adegas de vinho e boates (disco). Durante o dia o Bairro Alto é muito parado e você encontrará algumas lojas mais “alternativas”, de roupas, cabeleireiros, cafés e produtos diferentes. A noite, se você tiver ânimo, o Bairro Alto é uma excelente experiência para uma saída. Está sempre lotado, principalmente quando se aproxima o fim-de-semana. Para além disto, o Bairro Alto é um lugar que dá excelentes fotos, pois representa a Lisboa antiga, com os velhos candeeiros na rua, as roupas estendidas do lado de fora das casas e os prédios centenários no meio das suas estreitas ruas de pedra batida.
Dentro do Bairro Alto não há um trajeto certo a seguir. Deixe-se perder. É uma experiência que cada um constrói de acordo com as lojas e espaços que vai encontrando pela frente. Aconselho apenas que siga sempre a descer (pela Rua Atalaia, Rua do Norte, Rua do Diário de Notícias, Rua da Rosa ou Rua das Gáveas). Qualquer uma destas ruas irá levá-lo para “fora” do Bairro Alto diretamente para a Praça Luís de Camões.
É aqui que acontecem eventos publicitários, espaço para manifestações e é o ponto de encontro para os amigos que vão seguir para o Bairro Alto. Para além disto, é aí que está a Consulado brasileiro. Este lugar é excelente para quem gosta de ver e tirar fotos dos típicos bondes eléctricos.
Um quarteirão logo abaixo da Praça de Camões (basta atravessar a rua seguindo o fluxo dos turistas) você encontrará o Largo do Chiado. Um dos espaços mais míticos da cidade de Lisboa. É aqui que encontrarão a estatua do poeta Chiado, homenageado da Praça; a mais famosa cafeteria lisboeta: a Brasileira (fundada em 1905 e que se tronou um cenário intelectual, artístico e literário); e a estátua em bronze do escritor Fernando Pessoa, que era presença constante d’A Brasileira. Neste largo está também a saída do metro “Baixa-Chiado”, que é a estação mais profunda de toda a rede de metro, cerca de 45 metros da superfície (são quatro lances de escadas-rolantes e mais dois lances de escadas normais túnel a baixo).
Continue a descer pela Rua Garrett e na segunda rua logo abaixo do Largo do Chiado vire à esquerda (Calçada do Sacramento). A subida é um pouco ingrime, mas o levará diretamente para o Largo do Carmo. Neste largo estão as ruínas do Convento do Carmo, construído no século XIV, que foi parcialmente destruído pelo Grande Terremoto de 1755 e onde se encontra atualmente o Museu Arqueológico do Carmo.
Siga por uma pequena calçada (passeio) que surge ao lado do convento e que dá acesso ao Elevador de Santa Justa, que liga o Largo do Carmo à Baixa Pombalina. Este Elevador foi inaugurado em 1902 e tem cerca de 30 metros de altura. No alto do Elevador existe um Miradouro fantástico que dá as melhores fotos de toda a Baixa-lisboeta, do Castelo de São Jorge e do Rio Tejo. O Bilhete do elevador de Santa Justa (adquirido a bordo válido até 2 viagens) custa 5,00€ e inclui o acesso ao Miradouro.
Após descer o Elevador você sairá na Rua de Santa Justa. Siga em frente e depois de dois pequenos quarteirões você cruzará com a Rua Augusta, a famosa rua que foi, durante séculos, a principal entrada de Lisboa e tem na sua extremidade o Arco da Rua Augusta. A Rua tem elevada concentração de comércio, com diversas lojas de suveniers e de grandes marcas internacionais.
Vamos virar à esquerda, sentido contrário ao arco, na Rua Augusta em direcção à Praça do Rossio. Esta grande Praça bem no centro da cidade de Lisboa, chama-se na verdade Praça de D. Pedro IV. Este nome é familiar para os brasileiros? É que na verdade D. Pedro IV de Portugal é conhecido no Brasil como D. Pedro I (que assim se intitulou por ser primeiro imperador do Brasil independente). A praça se destaca pelas suas duas grandes fontes de água (uma em casa extremidade), a imponente estátua de D. Pedro IV e pelo seu piso em padrões de ondas feito em pedras portuguesas pretas e brancas. No lado norte da praça fica o imponente Teatro Nacional D. Maria II, que recebeu o nome da filha de D. Pedro.
Ao lado esquerdo do Teatro D. Maria II está a incrível Estação Ferroviária do Rossio. Quem a vê por fora não imagina que lá dentro existem seis linhas de trem (comboio).
De volta a Praça do Rossio, repare que ao atravessar a rua (em frente à saída de metro Rossio) existe uma calçada que atravessa entre os prédios (mesmo ao lado da Pastelaria Suíça). Ao atravessar por este caminho você sairá na Praça da Figueira.
Esta praça já foi um Hospital antes do grande Terremoto e depois albergou um Mercado Municipal. Nos anos 50 deu origem à actual praça da Figueira com a sua estátua negra de D. João I, montado em seu cavalo (local sempre cheio de pombos empoleirados no pedestal da estátua). Em um dos lados desta praça está ainda a Cafetaria Nacional, fundada em 1829 e pertence à mesma família há cinco gerações (até aos dias de hoje), com toda a doçaria tradicional portuguesa. Uma boa experiência gastronómica.
A partir daqui vamos entrar em Alfama (o bairro mais antigo de Lisboa), para chegar ao Castelo de São Jorge. Para isso há 3 hipóteses, que você pode escolher. A primeira é pegar o pequeno ônibus (autocarro) nº 737, que leva-o directamente até ao Castelo e custa 1,75 € (por viagem). A segunda opção é pegar o típico eléctrico nº 12 (E12), também ali na Praça da Figueira, que custa 2,85 € (por viagem) e deixa-o muito próximo do Castelo (basta seguir as placas indicativas). A terceira e última opção é para os mais corajosos que queiram enfrentar a subida do morro a pé e desbravar Alfama em direcção ao Castelo.
Seja qual for a sua escolha, pelo caminho você passará ainda pela Igreja da Sé de Lisboa, mandada construir em 1150. Aqui foi batizado Santo António (o famoso santo casamenteiro). Quem tiver interesse poderá descer e conhecer a Igreja por dentro.
Chegamos ao Castelo de São Jorge. O bilhete normal custa 7,50 €; Estudantes e menores de 25 anos pagam 4 € e crianças até 10 anos não pagam entrada. A vista do alto do Castelo é fantástica e poderá tirar fotos com canhões, estátuas e ter acesso ao alto das torres.
Depois de descer do Castelo de volta para o centro histórico de Lisboa (aconselho fazê-lo a pé e deixar-se “perder” por Alfama) você com certeza sairá pelas ruas que o levarão de volta à Rua Augusta. A partir daqui só falta mais um ponto turístico interessantíssimo da cidade. Desça a Rua Augusta até atravessar o Arco e você sairá na enorme Praça do Comércio, bem a beira do Rio Tejo. Um dos lugares mais bonitos da cidade.
Termina aqui o 1º dia de passeio (ou dos dois primeiros dias, caso você tenha tempo para fazer tudo com mais calma)!
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DIA 2 – BELÉM
Para chegar em Belém você poderá pegar o Eléctrico nº 15 na Praça do Comércio (ou na Praça da Figueira) e descer na paragem “Belém”, que custa 2,85 € (por viagem). Outra alternativa é apanhar o trem (comboio) na Estação de Cais do Sodré e descer na Estação de Belém.
Em qualquer uma das opções você sairá em frente à Praça Afonso de Albuquerque, onde está situado o Palácio Nacional de Belém, a residência oficial do Presidente da República Portuguesa. Caso você goste de história e política, poderá visitar o Museu e o próprio Palácio de Belém, o bilhete custa 5,00€ e há descontos para estudantes e grupos.
Se você está afim de visitar alguns museus bacanas, do lado direito do Palácio de Belém, está situado o Museu Nacional dos Coches, onde estão as antigas carruagens das famílias reais portuguesa e de outras personalidades, como a carruagem do Papa. Este é o museu mais visitado de Portugal e custa 5,00€, mas há descontos para estudantes e jovens.
Saindo do museu, siga pela Rua Belém, passando novamente em frente ao Palácio da presidência. Você andará pouco mais de 100 m e provavelmente verá uma enorme fila no meio da calçada. Pode ter a certeza que você chegou na famosa Pastelaria de Belém, que vende os famosos, típicos e únicos Pastéis de Belém. Sem dúvida, o doce mais famoso português, produzido pela mesma família (geração a geração) e no mesmo local desde 1837. Dentro da Pastelaria você poderá ver a fabricação do produto através de uma parede de vidro, mas existe uma porta fechada à sete chaves chamada “A Oficina do Segredo” onde está guardada a antiga receita secreta da confecção e preparação dos verdadeiros Pastéis de Belém. Actualmente, apenas três mestres pasteleiros da Oficina do Segredo são detentores da receita e assinam um termo de responsabilidade e fazem um juramento em como se comprometem a não divulgar a receita. Cada pastel custa cerca de 1 €.
Seguindo em frente, pela rua que o levou à pastelaria, você já verá o imponente Mosteiro dos Jerónimos. A arquitetura manuelina do Mosteiro merece muitas fotos. A entrada na Igreja é gratuita e para além de ser belíssima, você poderá ver lá dentro os túmulos de Vasco da Gama, Luís Vaz de Camões e de outros reis e rainhas portugueses. Ainda no Mosteiro, você poderá visitar o antigo Claustro dos Jerónimos e ter acesso ao bonito jardim, salas e ao coro alto da Igreja. O bilhete para acesso ao Claustro custa 7 € (com descontos para estudantes e jovens) ou poderá ser comprado juntamente com o bilhete para a Torre de Belém (que visitaremos mais a frente) por 10 €. Obs. Dentro do calustro está também o túmulo de escritor Fernando Pessoa.
Em frente ao Mosteiro está a fantástica Praça do Império, um jardim muito bonito e cuidado, com uma enorme fonte, e também o Centro Cultural de Belém, onde acontecem eventos artísticos e culturais. Na extremidade da Praça você entrará uma escadaria para um túnel que passa por baixo da movimentada avenida e da linha do trem (comboio) e permite-lhe chegar até o Padrão do Descobrimentos. Este monumento foi inaugurado em 1960 para homenagear os elementos envolvidos no processo dos Descobrimentos portugueses. O preço de ingresso no Padrão é de 3,00 € e permite o visitante subir de elevador até ao topo do monumento, a 50 metros de altura, e ter uma vista fantástica de Belém, da Ponte 25 de Abril e do Rio Tejo.
Em frente ao Padrão dos Descobrimentos existe uma rosa-dos-ventos de 50 metros de diâmetro, desenhada no chão, uma oferta da África do Sul em 1960. Local sempre cheio de turistas tirando fotos em cima dos seus países de origem.
Continue a caminhar pela avenida principal, beira-rio, até chegar ao enorme jardim, um pouco mais a frente, onde a Torre de Belém foi construída dentro do rio Tejo. Uma caminhada de cerca de dez minutos. A Torre foi concluída em 1520 e era utilizada como um forte de vigia que impedia que embarcações não autorizadas entrassem na cidade de Lisboa. O bilhete individual custa 5 €, mas como já foi dito, pode ser comprado juntamente com a entrada do mosteiro, fazendo assim uma boa economia.
E aqui termina aqui o 2º dia! Se sobrar tempo ainda pode voltar até a Pastelaria e comer mais uns Pastéis de Belém.
DIA 3 – PARQUE DAS NAÇÕES (EXPO)
O Parque das Nações é o actual nome da região onde houve a grande Exposição Mundial de 1998. Tudo o que se vê no Parque das Nações foi construído de propósito para a realização da Expo 98, criando assim uma Lisboa moderna e que contrasta totalmente com o turismo das zonas históricas da cidade. A sua arquitectura contemporânea, os espaços de convívio e todo o projecto de urbanização e requalificação urbana trouxeram nova dinâmica à zona oriental da cidade de Lisboa que, em 1990, ainda era uma zona industrial.
Então aconselho começar o passeio saindo na Estação de Metro “Oriente” (Linha Vermelha). Quando sair, logo você irá se deparar com a magnífica estação Gare do Oriente (que abriga o metro, a rodoviária, a estação ferroviária e pontos de táxi).
E frente a estação está o Centro Comercial Vasco da Gama (Shopping), que também tem uma arquitetura muito bonita, simbolizando um barco de Cruzeiro (as velas do barco são as Torres Gêmeas habitacionais ao lado do shopping).
Atravessando por dentro do Centro Comercial, você vai sair em um parque com as bandeiras de todos os países do mundo hasteadas (Parque das Nações). Siga em frente sentido ao Rio Tejo. À beira–rio você terá uma excelente vista da Ponte Vasco da Gama e da Torre Vasco da Gama.
Siga pela direita, à beira-rio, você poderá andar por um deck de madeira sobre o rio Tejo. Você verá, à sua direita, um grande prédio quadrado com designer futurista (cheio de antenas e para-raios no topo), este é o Oceanário de Lisboa . O preço do bilhete é de 13,00€, mas a experiência vale a pena. O oceanário tem um aquário central gigantesco com espécies de vidas marinhas dos cinco oceanos, vivendo harmonicamente. Há ainda cenários que reproduzem na perfeição uma mata tropical e um ambiente ártico (com os animais específicos destes regiões).
É também no Parque das Nações que está o Casino Lisboa, o mais famoso da cidade.
Aconselho ainda dar uma volta no Teleférico da Expo (Telecabine) sobre o rio Tejo, e que atravessa o Parque das Nações de uma ponta a outra, com uma magnífica vista panorâmica lá do alto, por um percurso de quase um quilômetro, que custa cerca de 6,00 € (ida e volta).
Ainda há tempo de andar pelo parque e descobrir todas as artes urbanas espalhadas por toda a zona da Expo e dos seus vários Pavilhões de eventos e de cultura.
Espero que tenham gostado da proposta e garanto a todos que os percursos sugeridos englobam praticamente todos os pontos turísticos emblemáticos da capital portuguesa!
Bom passeio!