Quem tem medo da crise?

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Crise! Esta palavra assusta muita gente. Mas você já parou realmente para pensar o que é ter uma crise nos dias de hoje?

Lê-se nos jornais e vê-se na televisão que a crise económica está abalando as estruturas da forte União Europeia. Aqui em Portugal parece-me que o assunto causa um quase estado de alerta vermelho. É habitual ouvir a famosa frase: “somos um país pobre e está tudo a ir para o buraco”.

A suposição do aumento do imposto português (IVA) em 2%, e também aumento mais rígido para alguns bens de consumo como refrigerantes e leite, parecem fazer as pessoas se descabelarem e quase saírem a correr pelas ruas a gritar.

Mas será que é preciso todo este sofrimento? Ok, tudo bem, eu sei que crise é crise e requer um esforço de todos para colocar as coisas em ordem. Mas detesto quando escuto alguém dizer que o seu país é pobre, porque têm o péssimo hábito de se compararem sempre com os grandes e muito ricos, como a Alemanha neste momento. Mas nunca olham quantos estão atrás de si com pessoas que vivem realmente abaixo da linha da pobreza.

Não estou defendendo que devemos colocar um sorriso na cara por saber que há países mais pobres que o nosso, mas sim que deve-se ver que a situação não é tão má ao ponto do descabelar e sofrer pela pseudo-pobreza.

Vocês já pararam para pensar que esta é mais uma crise de supérfluos? Passo a explicar.

O aumento dos impostos e a redução do poder de compra exige que as famílias façam um reajuste nas suas finanças. Assim, a crise representa um corte nos supérfluos.

É o desespero de ter que corta a assinatura da SportTV, de não poder ir uma vez por semana no salão de beleza, de não comprar bilhetes de todos os concertos que ocorrerão, de ter de andar de metro ao invés do táxi, de reduzir a velocidade da internet de 50 para 30 megas, de não ir almoçar todos os fins-de-semana no restaurante, de não trocar o carro este ano e outros tantos supérfluos que poderia mencionar aqui.

Nunca fui aos EUA, onde o capitalismo é muito mais vivido a nível de consumação do que aqui, mas acredito que ainda assim estamos bem adaptados à este modelo, que até nem acho mau na sua essência – isto levaria a uma discussão sobre capitalismo feroz que não vêm ao caso neste artigo – mas que deixa-me envergonhado quando aparecem as “crises”.

Isto porquê, a crise, pelo menos a este nível, é simplesmente em cortes de supérfluos familiares. E sinto-me envergonhado ao ver as pessoas se descabelarem por terem de fazê-lo como se fosse o fim do mundo.

Acho que a falta de conhecimento histórico de muitas pessoas levam e este desespero. Posso mencionar na história recente do século XX aquela que ficou conhecida como a Grande Depressão, vivida inclusive pelos nossos avós em 1929.

As pessoas neste período simplesmente passavam fome e morriam. Querem algo mais triste do que morrer de fome no sentido literal da expressão?

Não é o meu caso e acho que provavelmente não seja o seu, mas realmente há famílias que irão sofrer com o aumento dos preços de simples bens de consumo e nestes casos medidas de auxílio do Governo, e também particulares, são sempre bem-vindos.

Mas enquanto a crise se mantiver a níveis de supérfluos para a grande maioria da população não vejo motivo para este enorme desespero. Só acho que uma boa pitada de optimismo e força de vontade por parte de todos ajuda, e muito, a superar estas dificuldades. Afinal espera-se que a crise passe, portanto, façamos nossa parte.