Um clube pouco recomendável

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Nesse fim de semana, 25 de Abril, Portugal comemorou os 35 anos de Governo Democrático e todos os meios de comunicação fizeram matérias especiais sobre o tema.

O Expresso, jornal de grande circulação em Portugal, deu espaço para o assunto, mas foi outra matéria que me chamou a atenção.

Intitulada "Um clube pouco recomendável", a reportagem de uma página trás uma grande foto das torres do Congresso Nacional em Brasília e para minha vergonha e de todos os brasileiros, faz um histórico dos grandes escândalos de corrupção e desvio de dinheiro do nosso Governo.

O subtítulo diz:

"Mais desacreditados do que nunca, se é que isso é possível, deputados e senadores estão a ser alvo de uma série de denúncias de corrupção"

Na matéria, a repórter explica aos portugueses que "nos gabinetes de Brasília funciona um clube de amigos que, ao invés de representar a sociedade civil, legisla em interesse próprio".

Diversos escândalos envolvendo dinheiro público foram citados, como o pagamento de viagens ao exterior para parentes de deputados, auxílio para políticos que têm casa própria, o planejamento de aumento salarial dos parlamentares, horas extras pagas a funcionários de férias e o caso do corregedor-geral da Câmara, Edmar Moreira, que omitiu do seu Imposto de Renda a posse de um castelo avaliado em 8,4 milhões de euros, valor incompatível com seus rendimentos.

Mas, para a jornalista da matéria, Maria Trefaut, a maior crise ética foi o regresso de Fernando Collor de Mello a um cargo de destaque no Senado com a parecer do Presidente Lula. Para relembrar, Collor sofreu impeachment por envolvimento em uma rede de corrupção. A jornalista ainda completa:

"O surgimento do ex-Presidente com o apoio do Governo prova que, ao contrário das promessas de campanha, o «toma lá, dá cá» é a verdadeira essência da política no Brasil".


Depois disso tudo, fico envergonhado e desejoso que a impunidade deixe de existir para que matérias como essa não humilhe a nós, brasileiros, dentro ou fora da terra adorada.

Filmes brasileiros em Portugal

segunda-feira, 27 de abril de 2009

As produções cinematográficas brasileiras normalmente não têm tanto destaque e demoram séculos a chegar nos cinemas convencionais portugueses, isso quando chegam.

Foi o caso do “Tropa de Elite” que só estreou realmente nos cinemas portugueses mais de um ano depois da estreia no Brasil. Para mais, a seguir a tendência brasileira, a maioria dos portugueses já o haviam assistido na versão pirata – sim, a pirataria também é uma realidade por aqui.

Só que dessa vez para a minha surpresa, um filme brasileiro estreou em todos os cinemas portugueses pouco tempo depois da estreia no Brasil: “Última Parada 174” [Ônibus 174].

Eu assisti o documentário que baseou esse filme ainda na faculdade em Goiânia. Achei uma produção fantástica porque nos coloca para pensar no que normalmente não pensamos: o que leva uma pessoa a se tornar um bandido?
Para quem não conhece, o documentário e o filme contam a história real de Sandro Barbosa do Nascimento, um rapaz que, no ano 2000, sequestra um ônibus da linha 174 no Rio de Janeiro e tudo começa a ser transmitido ao vivo [em directo] pelos canais de televisão.

O documentário mostra tudo o que Sandro já havia passado até chegar ao ponto do sequestro, como exemplos, a Chacina da Candelária, a falta de oportunidade profissional por morar em uma favela e a ausência de assistência do Governo nas comunidades carentes. Além de abordar também a função dos meios de comunicação de massa na sociedade.

O filme está indicado para quem ainda não assistiu no Brasil ou em Portugal. Eu também vou assistir por aqui já que, vale ressaltar, o filme foi escolhido pelo Ministério da Cultura como representante do Brasil na categoria de melhor filme estrangeiro no Óscar 2009.

Agora, a nível de curiosidade para os brasileiros ou caso você seja português e nunca ouviu falar de “Ônibus 174”, talvez seja porque o filme teve o nome “traduzido” para português de Portugal como: “Autocarro 174”.

Amizades Lisboetas

domingo, 26 de abril de 2009

Nunca me esqueci dos amigos do Brasil e eles sabem que são mesmo inesquecíveis para mim. Só que dessa vez, eu quero apresentar alguns dos novos amigos que fiz aqui em Lisboa.

Pessoas que sempre me deram muita força pra seguir em frente e que sempre estão prontas para tudo. Para começar quero apresentar uma "rapariga" (no sentido português da expressão) chamada Ruth de Frutos, a espanhola.

A Ruth vivia em Valladolid, na Espanha. Há quase um ano ela está no programa de intercâmbio Erasmus, a estudar aqui em Lisboa.

Eu a conheci na faculdade logo no começo quando ambos entramos no curso. Ela não sabia muito português e eu não sabia muito espanhol, mas, nada que um portunhol bem arranhado não resolvesse.

Ela mora numa república (que em Portugal chama-se residência) com mais espanhóis. A amizade começou mesmo quando ela me convidou para um almoço na residência. Depois disso até jantar brasileiro já fiz para a nossa turma de amigos.
Logo já estávamos a sair juntos na night lisboeta e para dizer a verdade, diversão garantida.

Como eu, e ela também, não poderíamos deixar de aproveitar o facto de sermos de nacionalidades diferentes, costumamos sempre marcar o que ela chama de "café-aula-de-português", que nada mais é do que escolhermos uma bela de uma cafeteria, sentar e ficamos ali a tarde toda treinando o português, e eu a arranhar o espanhol. Aliás, o nosso café favorito é o "Pois, café", fica em Alfama e eu indico de verdade para quem estiver a passeio por Lisboa.

Assim como eu, a Ruth também faz jornalismo, um facto curioso que aconteceu com ela foi quando estagiava em um jornal da Espanha e foi enviada para entrevistar nada mais nada menos que um tal de Lula, sim, sim, aquele Presidente do Brasil. A Ruth adora o barbudo com nome de molusco, isso porque ela é esquerdista. As nossas brigas políticas são frequentes porque tenho uma visão política mais voltada para direita.

Com essa espanhola já aprendi muita coisa. Ela participa do grupo de amnistia internacional e já foi parar na Argentina onde trabalhou com as vítimas da ditadura de Perón. Ela tem sempre muita história para contar, muita coisa que nos fazem emocionar de verdade. A Ruth já se tornou amiga de uma tal forma que frequenta minha casa e meus pais e meu irmão são fascinados por ela.

Actualmente o nosso grande problema é que em Julho o programa de Erasmus dela chega ao fim, ou seja, ela volta para Espanha. Nem costumamos parar para falar disso, porque vamos sentir muita falta. Mas a Espanha é logo aqui do lado e as visitas serão frequentes, assim espero.

Foto tirada no "Pois, café"

O dia que fui parar no show da “Tati Quebra Barraco”

domingo, 12 de abril de 2009

Fim-de-semana de Páscoa. Uns amigos foram viajar, outros foram para as cidades dos pais e os estrangeiros foram passar as férias nos seus países. Bem, já o brasileiro que vos fala, na tentativa de juntar uma grana para a próxima viagem, resolveu ficar mesmo por Lisboa. Ou seja, seria uma Páscoa daquelas, mesmo dentro de casa.
Seria!
Era sábado a noite, sem planos nenhum. Eu ali já todo empacotado no sofá com o portátil no colo, usando a net. E o celular (telemóvel) da minha mãe toca. Era uma amiga dela. Uma portuguesa, dos seus 30 anos, bonita, divorciada e para minha surpresa pediu para falar comigo:
“Oi Netto, tô a ligar porque tô sozinha com uma amiga em Lisboa e nós queríamos sair, mas estamos sem companhia. A minha amiga é brasileira e queria que eu chamasse alguém para ir connosco e lembrei de você. Já tem algo programado para hoje?”
A meia-noite, a Paula [a portuguesa] e sua amiga Kamila [a brasileira] passaram aqui para me pegar. “E então onde vamos?”
Docas? Bairro Alto? Alguma disco?
Foi então que a Paula manifestou o interesse de ir em alguma disco brasileira, porque, de acordo com ela, estava com dois brasileiros e nada mais convencional do que ouvirmos e dançar música brasileira.
Eis que então resolvemos ir para o “Cenoura do Rio” [momento de muita tensão]. Não que o lugar seja ruim, mas sabe aqueles lugares onde sempre acontecem confusões e a polícia sempre tem que estar na porta no fim da festa? Então, é isso! Mas já que eu era convidado, topei!
Pagamos para entrar e como achamos o ingresso com o valor mais alto que o normal, perguntamos o motivo e o segurança respondeu:
“Ué, porque hoje quem canta aqui é a Tati Quebra Barraco” [momento de muita tensão 2]



Desculpa a quem gosta, mas não gosto de funk. Muito menos os que saem da boca da Tati barraqueira.
Dançamos alguns forrózitos, uns pagodinhos, reggae, essas coisas brasileiras. E as duas e meia da manhã eis que ela chega cantando alguns clássicos da música popular brasileira:
“69, frango assado…”
“Fama de putona só porque roubei seu macho…”
“Boladona, boladona…”
“Dako é bom…”

Dentre muitas outras coisas do género.
Mas como dizia o sábio ditado: Está no inferno, abraça o capeta! E o inferno durou pouco mais de uma hora com a madame Satã a cantar.
Mas, duas coisas salvaram minha noite. A primeira foi o fato de a cerveja estar bem gelada [apesar de custar 2,50€ o copo, cerca de R$ 7,50] e eu ter conseguido me manter bem “felizinho” a noite toda. A segunda é que a Kamila era definitivamente linda, muito bacana e eu fiquei ali a aproveitar a noite toda com ela.
Quanto a Paula, sim, se divertiu bastante.
Terminamos a noite num desses X-Salada e o mais importante, vivos!

Da série “Publicidade Portuguesa”: Novo Compal Goiaba

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Acho que a publicidade é um tema que fascina a todos.
Pensando nisso resolvi criar uma nova série para o blog, chamada: “Publicidade Portuguesa”.
Nesses tópicos vou tentar mostrar, no meu ponto de vista, o que há de melhor, pior ou engraçado nesse mundo da propaganda portuguesa.
Para começar, falemos sobre a nova publicidade do suco (ou sumo, em Portugal) “Compal Goiaba”.
Para quem não sabe, a goiaba é uma fruta tipicamente brasileira e a maioria dos portugueses não a conhece. Essa empresa chamada Compal resolveu arriscar em produzir o suco da goiaba e para garantir o sucesso da novidade investiram pesado em publicidade.
O mais engraçado dessa publicidade é que fizeram uma personificação da goiaba como se fosse um brasileiro a vir morar e tentar a vida em Portugal, situação muito semelhante a de milhares de brasileiros que cá estão.
Talvez essa soma dos factores, da semelhança com o publico brasileiro e o atiçar da curiosidade portuguesa, possa explicar o sucesso que essa propaganda fez por aqui.
Esse banner está espalhado em todos os lados da cidade, principalmente nas estações de metro e de comboio.
Agora, sucesso mesmo fez essa publicidade na TV. Tudo bem que estereotiparam um bocado o modo como o povo do interior do Brasil conversa, mas ficou engraçado.

E confesso que estar aqui já a algum tempo e ouvir esse sotaque do interior(rrrr) na TV portuguesa me fez reviver tempos de Brasil. Agora é só assistir e tirar suas conclusões.

Manda lembranças... tchaaaar!