A internet como ferramenta de uma nova Revolução

domingo, 22 de maio de 2011

A força que os media exercem sobre a sociedade é inquestionável e se utilizado com bons fins, os media se tornam uma ferramenta de apoio e denúncia nas questões sociais.

A História Mundial está repleta de exemplos desta utilização dos media como uma ferramenta social, e claro, Portugal também tem o seu exemplo.

A História portuguesa, está manchada por um período de 41 anos de ditadura (de 1933 a 1974), tendo sido governado em grande parte desta época pelo ditador António de Oliveira Salazar. Um longo período de opressão, medo e de atraso, inclusive na maneira de agir e pensar.

Até que no dia 25 de Abril de 1974 aconteceu a "Revolução dos Cravos", um golpe de Estado militar com o apoio popular, que culminou a implantação de um regime democrático e a futura entrada em vigor da nova Constituição do país.

O rádio teve uma função fulcral no êxito da Revolução dos Cravos. No dia anterior ao 25 de Abril de 1974 havia um “acordo” entre os militares, que consistia em uma acção simultânea das tropas do Movimento das Forças Armadas (MFA) quando algumas canções fossem tocadas na rádio. Era uma espécie de sinal da hora certa de agir.

E foi faltando uma hora e cinco minutos para o 25 de Abril que nos estúdios da Rádio Alfabeta dos Emissores Associados de Lisboa, ouviu-se a música “E depois do adeus” de Paulo de Carvalho. Era o sinal para os militares avançarem.

Logo depois, já no fatídico dia da revolução, à meia-noite e vinte, o "sinal" constituído pela canção Grândola, Vila Morena, de José Afonso, foi tocada na Rádio Renascença e servia para informar a todos as tropas que o golpe estava a correr conforme o previsto.

Poucas horas depois, a Rádio Clube Português foi ocupada pelos militares revolucionários e dos seus microfones foram transmitidos mensagens de liberdade e de pedido de apoio popular. Fazendo do dia 25 de Abril um dia histórico e que deu fim a décadas de repressão.

Passados mais de 35 anos da Revolução dos Cravos, Portugal está enfrentar um caos económico, político e social como nunca antes.

A nível político, após o Presidente da República, Cavaco Silva, anunciar que aceitou o pedido de demissão do primeiro-ministro, José Sócrates, a Assembleia da República foi dissolvida e neste momento Portugal está a menos de 20 dias das eleições que irá constituir a nova Assembleia, assim como o novo Primeiro-Ministro.

A nível económico, o país negocia empréstimos bilionários, com previsões de mais de 80 mil milhões de euros [bilhões no Brasil] a serem pagos nos próximos dois anos. Esse empréstimo do FMI implica medidas muito severas de austeridade ao povo português, aumento de impostos, cortes salariais e de subsídios. Tudo isso somado com o deficit e desemprego que aumenta a cada mês.

Em meio a todo o caos que o país enfrenta, a internet vem se mostrando uma ferramenta importantíssima de apoio social.

Foi no Facebook que iniciou-se o Movimento Geração à Rasca, um protesto que, no dia 12 de Março, tomou as ruas de diversas cidades portuguesas e que reuniu em Lisboa mais 300 mil pessoas em manifestação contra a precariedade, melhoria das condições de trabalho e o reconhecimento das qualificações.

É também na internet que disseminam vários vídeos de relevância social. Um dos vídeos que se tornou viral foi o chamado “O que os Finlandeses precisam de saber sobre Portugal”. O vídeo surgiu em resposta ao facto da Finlândia ter se mostrado contra a ajuda financeira a Portugal, podendo impedir o empréstimo bilionário da zona Euro e que agravaria ainda mais o caos económico português:



Outro vídeo que se destaca na internet é o chamado “Póstroika”, que apela a participação colectiva dos portugueses na mudança e mostra como o conformismo e a má gestão pública levaram o país a actual situação:



E o povo português continua sem saber as consequências dos empréstimos contraído pelo país e com medo do futuro tão incerto. Portugal agora colhe todos os males de anos e anos de má gestão e de aceitação de medidas que conduziram o país até este ponto.

Será a internet a nova ferramenta que levará o país a um novo 25 de Abril?

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